Quem foi Benjamim Oliveira?
Benjamim Oliveira, nascido em Pará de Minas, é o primeiro palhaço negro do Brasil e foi tema do samba-enredo da Acadêmicos do Salgueiro, no carnaval carioca de 2020. Ele completaria 150 anos este ano. Nascido em 11 de junho de 1870, Benjamim revolucionou a história do circo e do teatro no país.
Filho de escravos, Benjamin de Oliveira teve uma infância sofrida, ele apanhava muito do pai. O menino morava na zona rural em Pará de Minas. Sua mãe preparava broas para que ele as vendesse no centro da cidade para ajudar a família, até que um dia, viu um circo e resolveu fugir.
Com a trupe do circo Sotero, Benjamim viajou pelo sertão mineiro e fez de tudo um pouco. Por ser negro, era humilhado e tratado como escravo, apesar de ter nascido livre, graças à Lei do Ventre Livre, mas como não possuía documento que provasse sua liberdade, acreditavam ser um escravo foragido. Por esta razão, acabou abandonando o circo Sotero. Passou por diversos circos até que um dia, surgiu a oportunidade de substituir um palhaço que havia ficado doente. Da primeira vez, a plateia o estranhou. Um palhaço negro? Mas em poucos dias, foi aceito pelo público.
Assim, de acrobata a palhaço, o artista também passou a ser cantor, instrumentista, dramaturgo, músico, produtor e ator.
O auge de sua carreira
O sonho de Benjamim era conhecer o Rio de Janeiro, que na época, era a capital do Brasil e ele conseguiu, através do Circo Amaral. Em 1883, após uma de suas apresentações, o dono do circo o apresentou ao então Presidente da República, Floriano Peixoto, que o parabenizou e lhe deu uma boa gorjeta.
O auge de sua carreira, foi em 1895, quando ele começou a trabalhar no Circo Spinelli, onde eram realizadas as pantominas, que é uma mistura de teatro com circo, ou seja, uma forma de encenação cômica e ele fez várias. Porém, Benjamim queria inovar, e acabou criando peças teatrais onde até encenadas por ele.

Intoxicação por metais pesados
O artista, chegou a encenar peças consagradas, como por exemplo, “O Guarani”. As personagens eram representadas pelos próprios artistas do circo e Benjamim, interpretou o índio Peri.
Por ser negro, ele pintava seu rosto de branco. Infelizmente, o excesso do uso de maquiagem desta cor, o levou à cegueira, pois eram feitas à base de chumbo.
Devido à esta deficiência adquirida, Benjamim não conseguia mais se apresentar, precisando, então, da ajuda de amigos para sobreviver. Fez algumas poucas apresentações, sendo a última em 13 de setembro de 1947. Faleceu 7 anos depois.
Que conclusão podemos tirar desta história?
No carnaval deste ano, a Salgueiro homenageou o primeiro palhaço negro do Brasil. Importante destacar o interesse de uma escola de samba retratar este artista: negro, filho de escravos, que alcançou o sucesso profissional e cuja obra, foi importantíssima para o desenvolvimento do teatro no Brasil.
Por Denise L. Aquino
Profª de Arte do Ensino Médio e anos finais do Fundamental